eu vi!




As comédias românticas são, por definição, aquilo que chamamos de “chick flick”. Ou seja, esse é aquele tipo de filme que lida com questões relacionadas ao amor e ao romance e que apelam diretamente ao público feminino. Talvez, por isso mesmo, a maioria das obras desse gênero possui o ponto de vista idealizado e romântico sobre o amor que é típico do olhar feminino sobre esse tema. Entretanto, “Amor a Toda Prova”, comédia romântica dirigida por Glenn Ficarra e John Requa, está aí para desafiar todos esses paradigmas.
Em primeiro lugar, o longa é narrado pelo ponto de vista masculino. Por meio dos três personagens masculinos mais importantes de “Amor a Toda Prova” – Cal Weaver (Steve Carell), Jacob (Ryan Gosling) e Robbie (Jonah Bobo) – temos o retrato de três tipos diferentes desse sentimento, que são diretamente correspondentes ao estágio de vida em que eles estão. Cal, que está na faixa dos quarenta anos, após ser surpreendido pelo pedido de divórcio de sua esposa Emily (Julianne Moore), tem que reorganizar-se por completo, se redescobrir e rever suas prioridades. Jacob, que está na faixa dos vinte anos, está naquele momento em que se preocupa com quantidade ao invés da qualidade (em outras palavras, ele prefere envolvimentos superficiais a ter que se dedicar a um relacionamento). Enquanto Robbie, que tem 13 anos, está naquela fase de descoberta do amor (o dele é não correspondido, diga-se de passagem), de achar que cada pessoa possui uma alma gêmea e que este sentimento é eterno.
O curioso, no entanto, em “Amor a Toda Prova”, é que o filme tira sua maior força do encontro entre estas três visões distintas, pois, por mais diferentes que Cal, Jacob e Ryan sejam, por mais infelizes que eles estejam nesses determinados momentos de suas vidas, eles possuem uma qualidade muito interessante: eles, quando decididos, quando conscientes daquilo que realmente querem, vão brigar por isso até o fim. Ao contrário do retrato que é feito das mulheres deste filme, as quais estão confusas, adotam comportamentos impulsivos e cometem erros bobos.
É justamente por desafiar os clichês, ao mesmo tempo em que os confirma (afinal, o que seria das comédias românticas sem eles?); por mostrar Ryan Gosling como o homem sexy que ele é; por confirmar a figura de Steve Carell como ator perfeito para interpretar homens com questões amorosas sensíveis (vide também “O Virgem de 40 Anos” e “Eu, Meu Irmão e Nossa Namorada”); e por mostrar que os homens possuem, sim, um coração por trás de toda aquela fachada dura que “Amor a Toda Prova” vale a pena. Este filme é a comédia romântica de 2011.


retirado de: http://cinefilapornatureza.wordpress.com/2011/09/29/amor-a-toda-prova/

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